sexta-feira, 16 de setembro de 2011


VOCAÇÃO NATURAL DA PALMEIRA BABAÇU


Pôr-de-sol no domínio da palmeira babaçu. Trindade - Pedreiras (Ma), 11/2009.





1Introdução.
2. Legislação Protetora da Palmeira Babaçu.
3. Aspectos Dinâmicos da Palmeira Babaçu.
4. Importância Sócio-Econômica e Cultural dos Babaçuais.
5. Importância da Atividade Agrícola e Agropecuária nos Babaçuais.
6. Uso da Terra e o Manejo de Babaçual.
7. Uso da Terra e Solução de Conflitos na Região dos Babaçuais: (Agropecuaristas e Extrativistas do Coco Babaçu).
8. Qualidade ambiental dos Babaçuais e a Vocação da Palmeira Babaçu.

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1. Introdução

A palmeira babaçu é considerada uma importante riqueza natural, distribuída amplamente no norte do país, apresentando maior incidência nos estados do Maranhão, Pará, Tocantins, Goiás e Piauí.

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2. Legislação Protetora da Palmeira Babaçu

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3. Aspectos Dinâmicos da Palmeira Babaçu.


A alta densidade de palmeira babaçu está geralmente associada a aberturas naturais ou antropogênicas do teto florestal, que podem originar extensos palmeirais. Aberturas naturais relacionam-se normalmente a aspectos ecológicos, ou seja, de clima, relevo, rocha, solo e a incêndios naturais. As aberturas antropogênicas resultam principalmente do extrativismo e de diferentes processos de ocupação e uso da terra, que têm o fogo e a tecnologia como importantes aliados.
As pesquisas indicam baixa incidência da palmeira nas florestas densas (teto fechado) sendo esta, geralmente, longa e delgada, confundindo-se com as demais árvores florestais. O baixo desenvolvimento relaciona-se com a concorrência pela ocupação do espaço e com o fenômeno da heliofilia. Espécie heliófila não prospera à sombra e, sendo posta em concorrência com espécies de idênticas exigências, desencadeia uma corrida em busca da luz abundante no estrato superior da floresta. Esta maratona resulta em árvores longas de pequeno diâmetro, ou seja, numa floresta alta de árvores finas. Ambiente aberto, ao contrário, tende a gerar tronco mais grosso e de menor estatura.

(Em edição)


CONVOÇÃO PARA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO




Mesa da Mãe Natureza

Devagar com a colher ...!

Passo inicial: Deve ser considerada a necessidade de se fazer uma convocação geral para avaliação do modo como vivemos e nos relacionamos entre nós, os seres humanos, e com a mãe natureza.
Passo fundamental: É preciso investir para conhecer o meio ambiente, bem administrá-lo e usufruir de seus benefícios com prudência e parcimônia. Uma tarefa de responsabilidade principalmente do município, linha de frente dos conflitos de uso da terra, onde o povo reside, trabalha e produz. A boa gestão dos recursos naturais passa pelo entendimento da vocação natural do ambiente, das terras e da população municipal; alem de viabilizar um rendimento mais sustentável dos bens naturais, cria possibilidades para melhor repartição de benefícios dos recursos. Para uma boa administração, as prefeituras precisam criar bancos de dados com as informações básicas municipais, incluindo o potencial dos recursos naturais, do meio ambiente e do uso da terra, em geral. Um prefeito interessado em conhecer a vocação do seu município para bem administrá-lo em benefício da população é mais valioso do que outro, que esteja preocupado apenas em ser um bom político afeiçoado ao clientelismo /favoritismo.
Concluindo: A população, em geral, deve propugnar por mudança. Exigir e apoiar o poder público municipal na realização de pesquisas consistentes que garantam melhor utilização e repartição de benefícios dos bens naturais. Esta é a regra natural: conhecer para bem administrar e preservar, tendo-se em vista que não somos as últimas gerações a viver neste planeta. Os bens naturais são as delícias do banquete da vida. A mesa do banquete permanece posta pelos séculos e, embora alguns se retirem a cada dia, novos e numerosos convidados nela tomam assento. Estatísticas demonstram que na terra a cada segundo dois seres humanos se vão e cinco, se achegam à mesa do banquete da vida. A história nos fala de antropofagia... Antes de se tornar civilizado, o ser humano podia estar à mesa do banquete como conviva ou refeição, e isto o tornava semelhante aos outros animais e plantas. É claro que o homem adaptou-se e isto significa, dentre outros, passar a eliminar, domesticar e submeter seres vivos. O homem detem o domínio, as rédeas. Praticamente só à cabeceira da mesa com voraz apetite, não se dá conta de que muitos deliciosos pratos já não lhe são servidos e que é preciso moderar o apetite. Estaria ocorrendo hoje, também, uma nova fase de antropofagia? Quantos seres humanos passaram a ser prato do dia na dura luta pela sobrevivência?
Somos todos convocados para o grande desafio de conhecer, bem administrar e poupar os recursos naturais.

Recadinho amável da mãe natureza: "Filho, vai devagar com a colher porque a marmita já está ficando vazia!..."

AGUA E VIDA

Água é fonte da vida e a vida não subsiste sem água.



De onde procede a água ?
De onde, a vida ?

Há mais perguntas do que respostas...

A vida contemplada como força criadora capaz de evoluir e adaptar-se para subsistir através dos tempos e realizar o seu desígnio universal, é como um rio caudaloso encaminhando-se para o mar, um manancial vivo e resoluto, uma torrente de infinitas possibilidades, é uma fonte inesgotável de energia em movimento.
A vida é a força e a inteligência que anima a matéria dando-lhe forma, dimensão, movimento e evolução no espaço/tempo, cumprindo os desígnios da Criação.
A matéria é para a vida como o barro nas mãos do oleiro: calcado, moldado e vitalizado. Quando o jarro não atende as expectativas do oleiro, é retrabalhado e renovado. A vida nunca se fadiga de seguir sua marcha moldando a matéria no espaço e no tempo.
Das formas antigas e gigantes como os dinossauros às mais atuais como o Homo sapiens e da Ginkgo biloba às orquídeas, das bactérias às sequóias, a vida trabalha.
O fluxo vital é como o rio de águas edificantes, invencíveis, que desce de altas montanhas criadoras, percorre encostas tortuosas da matéria, vence obstáculos os mais diversos, enverdecendo e movimentando tudo para honra e glória daquele que o projetou.

Bendito seja Deus pelo dom da vida !...








FÉ E ESPERANÇA NA DOR.



Oh! homem! ... 
Não desanimes! ...
Por que o desalento? 

Por acaso, não se empenha, até o limite de suas forças, a lebre ferida, buscando abrigar-se segura, escapando ao voraz perseguidor? 


Haverá alguém naquela solidão para lhe socorrer ou minimizar-lhe o medo, a angústia e o sofrimento?
É mais voraz o teu predador ?
És mais digno de benevolência do teu Criador ?
Oh! homem!....

Seja tua fé maior que teu medo e tua esperança mais forte que teu desalento...!


Nisto reside a vitória: Seja tua dor submissa à tua fé e tua esperança, mais forte que o desalento.

Se na grande enfermaria da natureza, onde tudo se recicla e se reconstrói, o calor e a secura anestesiam a dor e estancam o sangramento da lebre ferida, certamente, o homem alcançará benevolência maior da Mão estendida de Seu Criador. Ele estará sempre a lhe socorrer... 

Cristo Ressuscitou!... 
Aleluia!...


CONVOCAÇÃO PARA MUDANÇA

Mãe Natureza


Devagar com a colher...!


Passo inicial: deve ser considerada a necessidade de se fazer uma convocação geral para avaliação do modo como vivemos e nos relacionamos entre nós, os seres humanos, e com a mãe natureza.


Outro passo importante: É preciso conhecer o meio ambiente para bem administrá-lo e usufruir dos seus benefícios. As gerações futuras vão sorrir.


Necessidade do conhecimento da natureza: Conhecer a vocação natural do ambiente, das terras e do povo, é condição indispensável para a boa gestão dos recursos naturais. Alem de viabilizar um rendimento mais sustentável dos recursos, isto pode abrir pespectivas a uma melhor repartição de benefícos destes mesmos recursos. As prefeituras municipais precisam construir bancos de dados sobre recursos naturais, meio ambiente e uso da terra, em geral, para a boa administração. Um prefeito interessado em conhecer a vocação do seu município e bem administrá-lo é mais valioso e útil à população do que, por exemplo, outro, conhecido como um bom político acostumado a praticar clientelismo/ favoritismo.Portanto, vamos mudar, vamos conhecer para bem administrar e preservar... ! As gerações futuras vão sorrir...!Dádivas da mãe natureza: Os bens naturais são as delícias do banquete da vida. A mesa do banquete permanece posta pelos séculos e, embora alguns se retirem, a cada dia novos e numerosos convidados nela tomam assento. Estatísticas demonstram que na terra a cada segundo 2 seres humanos se vão e 5, se achegam à mesa do banquete da vida. A história nos fala de antropofagia... Antes de se tornar civilizado o ser humano podia estar à mesa do banquete como conviva ou refeição e isto o tornava semelhante aos outros animais e às plantas. É claro que o homem adaptou-se e isto significou, dentre outros, domesticar, submeter ou eliminar seres vivos. Ele tem o domínio, as rédias, e praticamente só, à cabeceira da mesa, com voraz apetite, não se dá contas de que muitos deliciosos pratos já não são repostos e que é preciso moderar o apetite. Estaria ocorrendo hoje, também, uma nova fase de antropofagia ? Quantos seres humanos passaram a ser prato do dia na dura luta pela sobrevivência ?


A mãe natureza amavelmente adverte: "Filho, vai devagar com a colher porque a marmita já está ficando vazia !"

AMIGO DOMINGOS




LANCE DA VIDA: ONDE ESTÁ DEUS


Gratidão aos que ajudam ...


A vida da gente resulta de pequenas atos e fatos: Somos aquilo que projetamos. E muitas são as pessoas que encontramos no caminho e que nos podem ajudar ou prejudicar, marcando definitivamente nossa personalidade e nossa vida.



Ainda guardo o bilhete, poucos rabiscos de um amigo, dizendo:
"São Luís - MA. 18 de abril de 1965. Amigo Pedro: Soube que estiveste aqui e bem assim de alguns transtornos em tua vida. Sei mais ou menos, ... sem muitos detalhes. Soube de que não vais mais continuar os teus estudos. Preciso falar contigo. Se possível, irei no dia 27 ai, para conversarmos. Pretendo acertar algumas ideias no tocante aos teus projetos de futuro. "Ele continua falando sobre sua vida e trabalho em Bacabal e outras coisas correlatas. E encerra dizendo: "Espero que dentre em breve estejamos comemorando a vitória que ainda não foi possível até agora. Breve nos encontraremos. Sou o amigo Domingos." _ Ele tomara conhecimento do meu regresso do Recife (PE) onde o concurso vestibular me derrotara e me mandara pra casa, em Pedreiras, onde estava tomando a decisão de não mais estudar, viver trabalhando com meus pais e irmãos nas lides do interior. Aquelas palavras reconduziram-me aos estudos e ao encaminhamento à Escola de Florestas da Universidade Federal do Paraná onde pude ser graduado engenheiro, em 1969 e pós-graduado em 1994, em ciências florestais.


Um bom amigo, presente de Deus: Ao meu amigo Domingo, hoje meu compadre, agradeço pela iniciativa de me reanimar depois de um tombo. É provável que, ao abandonar o projeto de estudos, o tombo do vestibular viesse a se tornar um trauma. Um bom amigo é um instrumento de Deus para o bem.

FORTALEZA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO

(CONHEÇA A VERSÃO ATUALIZADA, NESTE BLOG)




Fotos: Fortaleza ontem e hoje


Fragmentos Históricos

Segundo a história, o marco inicial da capital cearense data de 1611 e 1612 quando foram construídos o Forte de São Sebastião e a Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Em 1649, a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, erguida pelo Capitão Holandês Matias Beck passa a fazer parte do cenário com o nome inicial de Forte Schoonenborch. Em 1654, expulsos os Holandeses, os portugueses mudaram o nome "Forte" para "Fortaleza", dedicando-a a Nossa Senhora da Assunção. Desde 1942, o local é sede do Quartel-General da 10ª Região Militar do Exército Brasileiro. Dentro da Fortaleza há um pequeno museu dedicado ao General Antonio Sampaio, herói cearense da Guerra do Paraguai. Canhões antigos ainda podem ser vistos no local. No pátio, há também uma estátua de Martins Soares Moreno, herói cearense, sertanista incumbido pelo Governador Geral, D. Diogo Meneses e Sequeiras (1608/12), de estabelecer comunicação com tribos indígenas. Tornou-se personagem do escritor José de Alencar que o apresenta em convívio harmonioso com índios potiguaras.

A Caminhada e a Poeira da Estrada

O homem nasce, vai crescendo e explorando ao seu redor. Depois ganha asas, voa longe e alto, buscando conhecer o mundo e saborear a vida. Geralmente, a caminhada, seus projetos, o ocupam inteiro, não sobrando tempo para bem apreciar o presente ou dar atenção ao passado.
Os cabelos brancos servem para indicar o tempo de reduzir o passo e emitir um olhar por sobre os ombros, para recolher algumas pepitas de ouro esquecidas na poeira da estrada, por conta da pressa da jovem caminhada.

A Pepita

No início da minha caminhada encontra-se São João do Tauape de onde recolho lembranças, verdadeiras pepitas de ouro de minha juventude. Jovem, puro, inquieto, interrogativo e cheio de esperança, em 1955, fui conduzido do interior para a capital, indo residir com meu Irmão, recém casado, em São João do Tauape, bairro em expansão nos areais pras bandas da Base aérea de Fortaleza, saída de Messejana. Numa visita com a família ao Maranhão, para rever nossos pais, meu irmão quis ajudar-me nos estudos. Nem todo jovem do interior possuía alguém da família na capital para acolhê-lo, dando-lhe oportunidade de estudar e ter um futuro melhor. Novidade e deslumbramento
Para aquele jovem, naquela época, quase tudo era novidade em Fortaleza. E, assim como, em 1531, do olhar da Virgem de Guadalupe projetou-se o pobre índio mexicano Juan Diego, em 1955, as luzes da cidade de Nossa Senhora da Assunção saltaram do inocente e deslumbrado olhar daquele novo habitante.

Luzes e Cores da Cidade

No centro elegante e inundado de luzes, belos edifícios e casas comerciais exibem multicores letreiros luminosos. Os postos de combustível destacavam-se por suas viscosas ofertas: 
SHEL X 100, Motor ÓleoFaixa Douradacom ICA.
As praças e ruas centrais são espaços onde o nordestino exibe sua engenhosa capacidade de venda e sobrevivência. A rua do correio era marcada pelo equilibrismo de um paraplégico que divertia o transeunte. Braços musculosos palmando a calçada sustentavam um corpo miúdo de
pernas finas que simulavam asas atreladas às costas. O homem, emitindo som de aeronave, executava com o corpo uma aterrissagem, reunindo pequena multidão com suas proezas, enquanto moedas caiam em seu prato amassado de alumínio. Enquanto isso, na calçada do Café Val-Can, um jovem mudo vendedor de jornais repetia: "Orrei pô"!!!, Ôrrei pô"!!! (o Correio e o Povo). Na praça José de Alencar outro vendedor exclamava: "Desinfetante pra mala, maleta e guarda-roupa, pedra pra Isqueiro, e oito pedra e cinco!!!"
Retornando a Fortaleza muitos anos depois, fiquei admirado de ver aquele mudo, agora homem feito, repetindo praticamente a mesma oração: kiorrê-pôf- kiorrê-pôf .

Traços do São João do Tauape

Diversos, como os intermináveis cordões de luz elétrica que com freqüência enfeitavam ruas de areia ou de chão batido, com pouca freqüência de automóveis.
Do centro para o bairro do São João do Tauape, seguia-se de ônibus pela rua Joaquim Távora, passando em frente a igreja Coração de Jesus, seguindo em direção à Base Aérea. O ônibus entrava à esquerda, pela rua Monsenhor Salazar onde, ainda hoje, se encontra a igrejinha de São João Batista, indo estacionar, poucas quadras adiante, à sombra de uma grande figueira (pé de benjamim). Ali, motorista e cobrador podiam tomar um gostoso caldo de cana enquanto os passageiros lotavam o ônibus retornando ao centro da cidade.
São João era pouco habitado. Do ponto final do lotação até nossa residência seguia-se a pé, por mais duas quadras e meia, em pesado areal, alcançando a casa nº 4132 da rua Carlos Vasconcelos. Hoje, rua Professor Carvalho, a casa ainda tem o nº 4132. Com algum cuidado, ainda é possível descobrir traços daquele tempo. A Casa era caiada, tipo bangalô, com entrada coberta, jardim e duas janelas desenhadas para aquela rua de areia fofa. Ao lado, havia um salão de barbeiro que depois foi anexado a casa por conveniência e segurança. Há poucas quadras ficava a mercearia do Zé Abreu, onde se podia comprar leite e pão, uma vara de trigo embrulhada em grosso papel. Havia também uma grande mercearia-bar junto à parada final do ônibus, reconhecida pela grande quantidade de portas que possuía. São João do Tauape era um imenso areal difícil de trilhar em dia de sol. Nas proximidades da casa do Zé Abreu, havia um bar freqüentado por meu irmão. Ele costumava estacionar o jipe para tomar um trago. Neste local, certa vez, estando no jipe enquanto ele tomava uma, quase aconteceu um acidente. Eu ainda não sabia dirigir automóvel. Resolvi aproveitar a oportunidade para exercitar alguns conhecimentos adquiridos apenas por observação. Liguei o carro, meu irmão ouvindo o barulho gritou. Eu me espantei com o grito e, retirando o pé da embreagem, fiz o jipe avançar em direção a uns garotos que brincavam na areia, à frente. No início de 1956, era nostálgico caminhar naquele areal ouvindo as músicas carnavalescas executadas por um serviço de alto falante local.


Contrastes dos Versos da Cidade

Resplandece a cidade altiva e formosa
Com um céu sempre azul, e um lindo horizonte,
Onde a estrela do dia passeia majestosa,
Desenhando paisagens com raios fulgurantes...

Os rumores noturnos se fazem passageiros,
A passarada se apressa fechando a madrugada,
Ao prever da manhã os albores primeiros,
Com algazarra preparam eloqüente jornada...

A brisa costeira soprando rasteira,
Sacode os coqueiros e bafeja as restingas,
Seguindo mais longe, alcança os sertões,
E invade os rincões de cipós das caatingas...

Por vales profundos de verdes isentos,
Apressado se lança ruidoso o vento,
Moldando espinhos e alisando a cera,
Das aguçadas palmas da carnaubeira.
Cantando ao embate de agudas pedras,
O vento se dobra em intensa exaustão,
Com gemidos e uivos, abatido se entrega,
Ao rigor da caatinga, à aridez do sertão...

As areias costeiras que os passos envolvem,
Protegem a cidade das ondas revoltas,
Que mansas, domadas, nas praias se lançam,
Alegria e lazer para os que as alcançam...


O tumulto dinâmico e complexo do centro,
É dinheiro no banco é negócio opulento,
Em vivo contraste com bairros singelos,
De casas caiadas, de pouca zoeira,
De gente modesta vendendo na feira...

Embalando ao léu abundante ramagem,
Ao impulso salino de alísios ventos,
Cajueiros, coqueiros, desenham a paisagem,
De coloridas folhas e de frutos suculentos.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

TRAÇOS HISTÓRICOS DE PEDREIRAS - ESTADO DO MARANHÃO

Entrevista com um laborioso filho de Pedreiras, descendente de migrante nordestino, residente em Timom - Maranhão.
(Veja o vídeo, abaixo)

Sr. JOÃO VICENTE LEITE (Joca)

Sra. MARIA DO CARMO SIQUEIRA LEITE




1. Introdução

Do final do século XIX a meados do século XX, a região de Pedreiras despontou como centro de atração do retirante nordestino. Fugindo das agruras da seca, ele partia em busca de refúgio no clima úmido pré-amazônico. Sendo esta, uma região rica em recursos naturais - espécie de Eldorado maranhense - passou a receber milhares de emigrantes que chegavam a pé, em lombo de animais, por ferrovia, em pau-de-arara, canoa ou em toscas e improvisadas embarcações.
Há alguns relatos sobre as caravanas de famílias provenientes, principalmente, do sul do Ceará: região de Crato, Juazeiro, Missão Velha, Brejo dos Santos e Milagres.
As Caravanas eram, geralmente, agrupamentos de pessoas aparentadas, homens e mulheres, adultos e jovens, formando um conjunto familiar bastante complexo. Conduziam animais de carga e cães de caça.
A viagem em caravana era uma aventura de até meses, enfrentando sol, chuva e poeira; acampando ao longo da estrada, para descanso, preparo da bóia ou pernoite.
Conta-se que havia um precioso cão que caçava e supria de carne os caravaneiros, enquanto a caravana seguia.
Por volta dos anos quarenta e cinqüenta, ainda se via ingressar pelo lamacento ou empoeirado acesso de Pedreiras, conforme a estação do ano, os barulhentos rebanhos de animais, alguns enchocalhados: gado bovino, cavalo, mula e jumento.
Tangerinos de pele grosseira, maltratada pelo agreste e pelos embates do ofício, com traje típico, chapéu de couro e alpercata de rabicho, soltavam brados instigantes e estalavam a taca, pressionando o inquieto, aturdido e violento rebanho misto, rumo ao mercado central daquela cidade em crescimento.
As estradas carroçáveis que ligavam Pedreiras à linha do trem, em Coroatá, e com o vale do rio Parnaíba, em Teresina, eram palco por onde desfilavam os caminhões de carga e, também, os paus-de-arara, repletos de famílias nordestinas com sua parafernália, marca registrada do fugitivo da seca.
Inúmeros trabalhadores braçais, afeiçoados á lida da roça e do engenho de cana, ultrapassavam o portal de Pedreiras, com freqüência, e ofereciam seus serviços na cidade e nos pequenos sítios de redondeza.
Conheci vários destes trabalhadores e visitei muitos dos sítios que os acolhiam. Compreendiam, geralmente, terras de antigas fazendas de escravo  onde se cultivavam algodão, fumo e cana de açúcar, além de lavoura de subsistência. Dente eles, cito os seguintes: São Manoel, Centrinho, Olho d´Água, Sítio Novo, Bom Jesus, Imbaubinha, Belém, Altamira, Três Irmãos, Trindade, Baú, Barreiros, Santa do Virgem, São Raimundo, Telha e Santa Cantide.
Meus ancestrais instalaram-se em muitos destes locais, criaram seus filhos e, aos poucos, integraram-se aos costumes de Pedreiras, a verdejante terra dos palmeirais, banhada pelo Mearim, sob a proteção do glorioso São Benedito.
Meus avós paternos, eu os conheci velhinhos, por volta de 1949. Eles moravam na localidade Três Irmãos, a caminho da Trindade. Na Trindade vivi até meus 13\14 anos de idade, quando meus pais voltaram a residir na sede municipal, por volta de 1951\52.
Estes são os nomes dos irmãos de meu pai: Antonia, Raimunda, Isabel, Joana, Pedro e Jozino. Eles, em geral, residiam por perto ou na cidade, a cerca de sete quilômetros de distância.


Quando partiram do Ceará, meu pai (José Furtado leite) e minha mãe (Maria da Conceição Leite) eram ainda solteiros. Se não estou equivocado, Frei Galvão os uniu em matrimônio, em Pedreiras, por volta de 1919\20. São seus filhos: Maria, Raimunda, Raimundo (Sinhô), Antonio, Cesário, Sinhara, Judite e Pedro Furtado Leite. Destes, partiram para a casa do Senhor: Raimunda, Raimundo, Antonio e Cesário.


Estando, hoje, com 73 anos de idade, e residindo, há mais de 30 anos, distante de minhas origens, fui inspirado a conhecer alguns lances da minha história familiar perdidos no tempo e fui rever minha terra e minha gente.
Procurei reencontrar meus parentes, especialmente, aqueles mais próximos da minha faixa etária e os mais ricos em idade, espécies de testemunhas vivas dos primórdios da nossa história.
Assim, em maio deste ano, fui rever meu primo Joca Vicente, em Timom (Ma), um forte e disposto cidadão maranhense, de 84 anos de idade e sabedoria e pele crestada pelo sol meio-nortista. 


2. A entrevista (Timom-Ma, maio de 2011).

PL: “Joca, quero gravar um pouco de tua história, que está intimamente relacionada com a minha, está pronto para falar? ”

Joca: Sim. Meu nome é João Vicente Leite, vulgo Joca. Sou casado com dona Maria do Carmo Siqueira Leite. Temos 8 filhos (6 homens e 2 mulheres): José, Jacira, Socorro, Francisco, Luiz, Alberto, Paulo e Antonio Siqueira Leite.

PL: Quando veio residir aqui em Timom ?

Joca: Vim morar aqui, em outubro de 1988. Votei a Pedreiras, em 1990, passei um ano lá e retornei. Estou aqui, portanto, a cerca de 20 anos. Meus filhos moram por aqui, comigo. Apenas, um vive em Presidente Dutra e outro pro lado da Anfrosa ? Os demais, estão por aqui ou, viajando freqüentemente a Pedreiras.

PL:Como se chamam os seus pais?

Joca: sou filho de Antonio Vicente leite e de Isabel Furtado Leite (vulgo Belinha). São irmãos de Dona Belinha: Dona Antonia de Torquato, dona Raimunda do velho João Furtado, Dona Joana do velho Belo Xavier, o velho Jozino, o velho Pedro Bello e o velho Zé Bello (José Furtado Leite, teu pai).

PL: E sobre o teu avô materno, também, o meu avô paterno?

Joca: O velho Antonio Bello, ele morava nos Três Irmãos. Eu o conheci ainda, quando eu tinha uns 8 anos de idade. Plantei e cortei arroz com ele; eu estava sempre por lá conversando. Ele gostava muito de mim, dizia que eu era esperto, né?  Mas, nós conversávamos e brincávamos muito. Lá, no Três Irmãos, ele faleceu. Era casado com Maria Dona. Quanto aos ancestrais dela, não sei dizer.

PL: Você disse que cortava arroz com ele, como era isso?

Joca: Ele usava chapéu de palha. Colhia arroz em molhos. Ria muito, de se admirar. Começava com o plantio, ele ia cavando e a gente plantando as carreirinhas de arroz, com a enxada. Depois, a gente ia apanhar o arroz, como já falei. Também, ele fazia fumo e chamava a gente pra ajudar arrumando as folhas pra enrolar e fazer fumo de corda, principalmente. Trabalhei muito com ele, lá, naquela época de 1939.


PL: Tio Jozino morava lá, junto?

Joca: Jozino morava perto, era casado com a Raimunda Ferreira.

PL: Pois é...e depois, de que você ainda se lembra ?

Joca: Por volta de 1942, eu já, um menino, com 12\13 anos, meu pai mudou-se para o São José, um lugarzinho do outro lado do rio Mearim. Lá, fomos trabalhar de roça durante os anos de 1942 a 1945, quando mudamos para o Centro do Marçal.

No Centro do Maçal, ficamos uns tempos. Lá, eu me casei, no dia 1º de novembro de 1946, com dona Maria do Carmo Siqueira Leite.

Em 1949, casados, fomos morar no São Manoel. Lá, meu pai me vendeu um pedaço de chão e eu fui fazer um bananal. Ficava perto do local, onde depois, Lecínio, Nazário e Duque Fernandes (filhos de tia Quiterinha) instalaram um engenho de moer cana.

Depois, meu pai vendeu o resto de suas terras para meus sogro, o velho Antonio Joaquim, que estava morando perto da gente, lá no São Manoel. Lá nasceu minha filha Socorro, no dia 09\03\1950. Pois, já haviam nascido José e Jacira.

Em 09\03\1951 nasceu Francisco. Em 08\03\1952 nasceu o Luiz.

O resto, não lembro bem. Creio que o Alberto nasceu em 20 de janeiro de 1954. Depois, em 1955, o Paulo, e em 1956, o Antonio, em 5 de abril, esse caçula que deu uma crise medonha.

Daí, a gente foi lutando de lá pra cá e daqui pra lá. Então fomos morar em Pedreiras, em 1968, de onde passei a carregar banana pra cá.

Então, tive uma crise de hepatite e fiquei todo amarelo. O Dr. então me disse que se eu não ficasse na cama eu iria morrer.

Fiquei 30 dias deitado, sem me mexer.

Quando fiquei bom, o Sinhô Bello (teu irmão) me procurou, veio dizer: “rapaz, eu não fui lá (visitar) porque não tive tempo.”

Eu disse: Está bem, já fiquei bom.

Então, quando foi em 1988, Sinhô Bello adoeceu. Fui lá e lhe disse: Sinhô, se você ficar deitado... Ele respondeu: rapaz, é que tenho isso e tenho aquilo pra fazer... Eu lhe falei que o negócio era salvar a vida. Quando adoeci, eu tinha 2 carradas de bananas pra levar a Teresina e um bocado de vacas pra tirar leite.

Mas, larguei de mão, tudo.

E estou contando a história. E ele, oh!... Cadê o homem?

A hepatite virou hidropisia e...

Ele poderia estar muito bem...

Na época, eu já estava morando aqui...

PL: Olhando pra você, assim, vejo que é muito parecido com ele.

Joca: Pois é... Dizem isso mesmo... Ele mesmo me dizia: cuidado, não faz o que é ruim não, senão, eu vou pagar.

PL: Agora, volta um pouquinho pra falar da vida dos nossos ancestrais vindo do Ceará.

Joca: Sim. Os meus pais saíram de Missão Velha, em 1915. Já eram casados, porem não tinham filhos, ainda. A minha irmã mais velha, a Naninha, nasceu no São Manoel, Pedreiras.

Do São Manoel ele foi para o Olho d’Água, daí foi para Pedreiras e voltou ao São Manoel.

Do São Manoel, mudou-se em 1927, para o Belém, um local situado depois do lago da velha Clemência. Foi lá que se casaram minha irmã com João Ferreira e o Zé Vicente, meu irmão, com a Bárbara Ferreira, em 1938.

No São Manoel, havia apenas um velho morando, quando meu pai chegou em companhia do sogro (o velho Antonio Bello).

Não era lugar habitável, nem mesmo um poço permanente de água potável havia. O morador ia buscar água no rio Mearim, caminhando pela trilha que passava pelas terras do engenho do Lino Feitosa. Não tinha coragem de cavar um poço.

Então, o velho Antonio Bello comprou as terras do São Manoel por duzentos contos de réis: um grande monte de notas verdes.

Na verdade, ele pagou ao morador para se retirar, liberando-lhe as terras do São Manoel. Ai, eles tomaram conta.

Era esta a história que meu pai contava. O nego velho botou o dinheiro no bolso e foi embora. Ficaram por lá desde este tempo.

A gente se criou por lá, ficamos morando, até ir para o Belém.
Do Belém fomos residir no Altamira, perto de onde morava o velho Quinco Cesário (teu tio), bem ali, onde era o Zeca Tavares.
De lá, fomos para o São José e etc...


3. Agradecimento e Conclusão

Primo Joca Vicenete,
Sou muito grato a você pelo modo fraternal e resoluto como aceitou participar desta entrevista. Certamente, estamos contribuindo para a divulgação da memória, da história de nossa gente, de nossa terra, e do povo nordestino.
Receba, portanto, um forte e fraternal abraço do seu primo Pedro Furtado Leite (vulgo, Pedro Bello). Peço a Deus que nos dê saúde, paz e alegria, para vivermos e podermos reconhecer e aplaudir os feitos de nossos antepassados.  A coragem e determinação daqueles que, não se deixando abater pela seca, nem pelas dificuldades da estrada, partiram em busca do Eldorado maranhense, do verdejante cocal do vale do Mearim, como a caravana de Abraão, que saiu à procura da Terra Prometida do vale do Jordão.

Ainda não se completou um século desde aquele dia da partida de nossos familiares, de lá, do polígono das secas, em 1915. 
Imagino que, no dia anterior, nossas avós haviam preparado uma substanciosa farofa, com carne de frango, bode ou ovo de galinha, para inicio de caminhada. 
Conhecendo a fibra da gente nordestina, sou levado a crer que tudo foi preparado de véspera: alimento e água para alguns dias, inclusive para os animais; apetrechos simples de cozinha, roupas, redes, ferramentas, cães de guarda e de caça (_quem sabe?... pode aparece algum veado sutinga, paca, tatu ou cotia, pela estrada) e etc...
Também, não deve haver faltado uma oração para Nossa Senhora e um pedido de benção ao Pe. Cícero Romão Batista, de Juazeiro...
E, ao surgir da aurora, todos a posto... a jornada vai começar...
Pé na estrada, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!...
Vamos embora, compadre Antonio Joaquim!... Chama as mulheres!... 
Não esquece o fogo, a farinha e a faca peixeira, compadre Antonio Vicente! 
Já passa das cinco, é tarde para quem vai pra longe e tem que ir devagar... Nas horas de Deus amém!...
Como não reconhecer a fé e a coragem daqueles aventureiros? Eles partiram para uma terra florestal abençoada em que se fazia abundante a água da chuva, o leite do gado, o mel e a garapa da cana de açúcar.
Entretanto, aquela era também uma terra desconhecida, desabitada e doentia, ambiente de doenças tropicais, de mosquitos e animais peçonhentos.
A caminhada do nordestino lembra a do povo de Deus, conforme o Livro Sagrado. Ele buscou a terra onde corria leite e mel. Uma terra que, no entanto, era habitada e teria que ser conquistada, domada, para tornar-se celeiro de Israel.
A região do vale do Mearim, incluindo Pedreiras, foi domada e cultivada principalmente pela gente nordestina, e passou a abastecer os mercados de São Luis, de Teresina e de outras cidades da região, com frutas, cereais, carne e outros produtos.
Muitos foram os que tombaram na batalha. Não dispondo de assistência médica adequada, muitos foram abatidos por leishmaniose, malária, hepatite, tuberculose, hidropisia, infecções e acidentes, os mais diversos, inclusive, afogamento, queda de árvore, incêndio e picada de cobra.
Gloria a Deus pela fé, determinação e garra da gente nordestina!
Bendita seja a Pedreiras, terra abençoada, destinada por Deus ao trabalhador nordestino.
Salve o nordeste e viva o povo brasileiro !...

Em, 22 de maio de 2011.
Pedro Furtado Leite.